terça-feira, 2 de outubro de 2007

OLHAR PARA O CÉU À NOITE

Há muito tempo não paro para olhar o céu à noite. Às vezes a lua acena, eu olho rapidamente para ela, mas as várias atividades, o céu de cidade grande, as luas artificiais e descartáveis não me permitem olha-la por muito tempo. Quando criança eu gostava de ficar à noite no quintal olhando o piscar das estrelas, a forma que a lua se apresentaria, os astros que riscavam a imensidão e rapidamente desapareciam... Acho que isso um tipo de exercício de espiritualidade, havia um sentimento como aquele do salmista: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”.
Ademar Paegle, capelão do Seminário Batista do Norte, costumava dizer que Deus convidou Abraão para voltar a ser criança quando disse a ele: “Olha para o céu, e conta as estrelas”. Imagino Abraão, como menino, tentando contar o máximo de estrelas e quanto mais contava mais se dava conta de que sua tarefa era absurda, mas lhe fazia bem. Há muito tempo não conto estrelas, não por medo de verrugas, mas por medo de ser ridículo.
Aí me lembro da jornada dos magos seguindo a estrela que os levaria ao menino prometido, ao rei que eles esperavam e que estava para nascer. Olhando o tempo todo para o céu, procurando uma rota entre as constelações...
Um exercício de espiritualidade: olhar para o céu. Não importa se tem lua ou não, se dá para ver as estrelas, se algumas nuvens cobrem como um véu o infinito. Olhar para o céu é contemplar um espelho em frente a outro espelho e se perder de vista. Certa vez escrevi, após ler o Guardador de rebanhos de Alberto Caeiro:
(...)
E se somos do tamanho
Daquilo que vemos,
Sou enorme,
Sou um mundo.
Se a metrópole
Esconde-nos o horizonte
Força-nos a olhar
Para o céu
E ver de que tamanho
Realmente somos.

Um comentário:

Unknown disse...

MUITO BOM! ESSA ABALOU MAIS AINDA"
SHOW DE BOLA!