domingo, 30 de dezembro de 2007

MUDOU O ANO, MUDOU A VIDA?

Cada ano que chega nos traz consigo o desejo de querer mudar, aperfeiçoar nossas vidas, consertar o que está errado. Acabamos nos comprometendo com nós mesmos, com outras pessoas e até com Deus. Infelizmente, algumas dessas decisões de início de ano não duram até o fim de janeiro. Isso acontece porque toda mudança é sempre muito difícil, gera crise, porque nos faz caminhar por uma estrada desconhecida. Toda mudança exige sacrifício e determinação. Não mudamos nossa vida somente porque o ano mudou, mudamos nossa vida porque queremos e precisamos. Quantas coisas você já se comprometeu em mudar e ainda não conseguiu: ser mais calmo, cultivar melhor a espiritualidade, aplicar-se mais aos estudos, deixar determinados sentimentos ruins, etc.! Essa mudança pode acontecer, mas exige de você suor e lágrimas. Podemos mudar o que quisermos em nossas vidas, mas determinação, coragem e esforço são indispensáveis.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

O NASCIMENTO DE JESUS

Os Evangelhos nos contam que Jesus, aquele que a cristandade identificou como o Messias, enviado por Deus, nasceu numa manjedoura (lugar onde se colocava a comida dos animais). Não nasceu nos ricos palácios do “rei” Pilatos, por isso não pôde ser identificado com os poderes que exploravam, espoliavam e massacravam o povo; também não nasceu no templo, nem nas casas sacerdotais, por isso não pôde ser identificado com a religiosidade hipócrita e opressora da época; nem nasceu nas grandes e ricas casas dos comerciantes e proprietários de terras, por isso, também, não pôde ser identificado com as riquezas e o luxo. Antes, nasceu no lugar onde dormiam os animais, identificando-se desde o início com aqueles que não tinham lugar na sociedade da época, mostrando que não veio para ser servido mas para servir.
Por muitas vezes nos esquecemos do sentido libertador do natal: Jesus nos ensinando com sua vida o caminho da simplicidade e do amor por aqueles que vivem à margem da sociedade – seja por ser pobre, por não viver uma religiosidade ditada por dogmas hipócritas, ou por se opor aos modelos políticos vigentes. Jesus mostrou com sua vida que somos amados por Deus e que devemos responder a esse amor amando as pessoas. O natal só tem verdadeiro sentido quando vivemos de corpo e alma o compromisso de Jesus.

PENSEI QUE TODOS FOSSEM FILHOS DE PAPAI NOEL

Mesmo sabendo que Papai Noel era mais uma poderosa arma do mercado do que um símbolo do natal cristão, sempre gostei da figura do “bom velhinho”, pois para mim representava o ato de generosidade, bondade, desprendimento e o sonho infantil. Mas, de algum tempo para cá, essa representação não me é mais muito significativa.
Dizem que Papai Noel não se esquece de ninguém, seja rico ou seja pobre, basta que se comporte e seja bonzinho. Em todos os natais vejo o contrário: enquanto muitas crianças esperavam ansiosas por presentes, grupos de meninos e meninas pelas ruas são presenteados com fome, violência, drogas, prostituição e solidão. Descobri que Papai Noel sempre se esquece das crianças (boas ou más) que não vivem com suas famílias ou cujos pais não têm dinheiro para comprar o que é oferecido nas belíssimas propagandas de final de ano.
Hoje, para mim, ele só representa a frustração dos sonhos das crianças que não irão receber presente algum. É preciso resgatar o sentido do natal como nascimento de Jesus – expressão da esperança do rico e do pobre. O natal do amor, da inclusão e da partilha.
E eu que pensei que todos fossem filhos de Papai Noel...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

UMA TEOLOGIA DO NORDESTINO EM EXÍLIO?

Tenho pensado nos últimos tempos a presença dos retirantes nordestinos nas grandes cidades do sudeste – mais especificamente em São Paulo – como um exílio. Não tenho tido tempo para uma reflexão profunda nem para recolher material bibliográfico, mas pela minha própria (e manifesta) nordestinidade (em exílio) tenho sido desafiado teologicamente. Isso tem provocado em mim duas inquietações.
A primeira delas é sobre como ler teologicamente esse exílio, a partir de que. Aqui está mais para uma questão metodológica. Acho que não há melhor maneira de enxergar esse exílio que a partir da própria perspectiva do exilado. Talvez coubesse aqui uma antropologia teologia do retirante, dentro do conceito de mobilidade, se desloca forçadamente, não porque diretamente alguém lhe impôs (como no exílio do judeus na Babilônia, ou o exílio de centenas de brasileiros em vários lugares por causa do regime militar), mas pela imposição da miséria gerada pelas desigualdades sociais e econômicas.
A segunda é como promover resistência diante da terrível situação de exclusão e fragmentação da identidade. Me parece que uma possibilidade de resistência está na formação de espaços alternativos, onde as expressões culturas nordestinas servem de âncora diante da exclusão e da fragmentação da identidade. Esses espaços alternativos já existem e partem de iniciativas totalmente informais e despropositadas, mas com o tempo tornam-se lugares de comunhão, troca de experiências, partilha, memórias e identidade.
Espero num outro momento poder desenvolver essas questões que me instigam e inquietam. Essa reflexão, apesar de já com algumas décadas de atraso, permanece importante devido à continuação desse exílio, ainda que de outras formas e sob outras circunstâncias.