quinta-feira, 29 de outubro de 2009

SOU RELIGIOSO

Alguns afirmam que todas as pessoas, em alguma medida, são. Você pode até dizer: “não é grande surpresa que você seja religioso, já até postou neste mesmo blog um texto intitulado ‘Sou pastor’”. Verdade! Mas afirmar que sou religioso é descobrir que faço coisas “sem sentido”. Qual o sentido da religião? Tudo bem... a religião dá sentido. Então o sentido é o sentido? E quando se afirma que o sentido é o sentido, de alguma forma não se perde o sentido?
Às vezes observo minha filha brincado de boneca (aquelas Barbies magrelas). Ela sabe que a boneca não é nada mais que boneca, que no prato que a Barbie come não há comida alguma, que quando dorme não dorme, mas ainda assim ela continua brincando – e brinca sempre que é possível. Acho que sou religioso desse jeito, como quem brinca de boneca. Deve ter sido pensando em coisa parecida que Nietzsche disse que devemos continuar sonhando sabendo que estamos sonhando.
Acho que só me é possível ser religioso assim. Mesmo pensando que quem brinca leva à sério a brincadeira, ainda que saiba que está brincando.
Mas me pergunto agora se esse levar à sério a religião não é a causa de tantas “brigas de criança”. Talvez, então, não devamos ponderam sobre a seriedade da religião.
Alguém me disse que não poderia levar Vattimo à sério, pois, como pode alguém ler Heidegger e continuar se afirmando cristão? Acho o divertido da religião está aí: no poder ser religioso sem precisar de fundamentos racionais que justifiquem isso. Não é assim que as crianças brincam?
Bem, sei que sou religioso!
E sei que minha filha brinca de boneca.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

CEIA, MEMÓRIA

Quando nos reunimos para celebrar a ceia do Senhor, fazemos memória. Memória não é só lembrança, é fazer com que algo do passado se torne presente. É fazer com que a morte de Jesus, seu sangue e seu corpo continuem presentes na vida da igreja. A ceia é um meio da igreja reviver algo importante de seu passado: a cruz e a ressurreição.
Mas por que é importante que a igreja reviva esses acontecimento? Quando comemos o pão e tomamos do cálice não apenas recontamos uma história, mas fazemos com que ela também seja nossa história. Na ceia quando participamos do pão e do cálice descobrimos que Jesus não é apenas uma figura do passado, mas alguém presente em nossas vidas e com que estamos diariamente envolvidos.
No momento da ceia, trazendo Jesus à memória, percebemos que sua morte injusta continua acontecendo na morte de milhares de pessoas pelo mundo à fora. Aqueles que são crucificados pela fome, pela violência, pelo descaso dos governos e até da igreja.
Mas trazer Jesus à memória é também perceber sua ressurreição como nova esperança para o pobre e o excluído. É perceber que a vitória sobre a morte nos mostra que nada está perdido, que nossa missão junto aos que, como Jesus, carregam todos os dias suas cruzes, não é sem sentido.