sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

SOU BAIANO

Isso eu já sabia há algum tempo... mas nem tanto. Que nasci no Nordeste, na Bahia, no sudoeste baiano, em Itapetinga... isso eu sabia, mas não tinha consciência de quanto isso me imprime identidade. Como o boi que é marcado à ferro e fogo e leva a marca do dono até o fim (no caso dele, o matadouro).
Só percebi efetivamente minha baianidade quando fui estudar teologia em Recife. Sinto que quanto mais me distancio da Bahia mais me aproximo dela. Parece que nossa identidade é fortalecida pelo contraste: quanto mais me distancio daquilo que me caracteriza mais sou caracterizado. Possivelmente porque quando não estou na Bahia e descubro o diferente descubro que diferente, ali, sou eu, e me percebo dentro desses traços que levo. Quando estou na bahia sou tão baiano quanto os outros baianos, no entanto, quando estou em outros lugares sou o baiano (será que é por isso que no Seminário me chamavam de “baiano”?).
Descobrindo que sou baiano descubro também que as coisas que para mim não existiam passam a existir, e existem como coisas importantes. Por exemplo, eu não sabia que tinha um sotaque, hoje não só o percebo mas parcebo que ele é baiano que é musical e me evoca vários sentimentos. Hoje me dou conta de que minha comida pode ser baiana ou não. A comida que mainha fazia era só a-comida-de-mainha.
Sou baiano. Se fosse mineiro, paraense, gaúcho, simplesmente o seria. Só não levantaria as orelhas como cachorro ao ouvir um berimbau, nem balançaria a cabeça como calango ao ouvir alguém dizer: “Glauber Rocha, baiano de Vitória da Conquista...”.

Um comentário:

Bruno Montarroyos disse...

Grande Mestre, inclui aí meu blog na tua lista: www.bruno-montarroyos.blogspot.com. Abração, Saudades !!!