domingo, 16 de novembro de 2008

SOU PASTOR

É, é isso mesmo: sou pastor. E o que há de mais nisso? Todos os que me conhecem já sabem disso. Para mim é meio que uma novidade. Não faz muito tempo que sou pastor, mas a novidade para mim não está nisso. Desde que fui ao seminário em fevereiro de 2000 ser pastor tornou-se não somente meu desejo mas também meu grande alvo de crítica, por ser a representação máxima de algumas coisas que não sou muito “chegado” no protestantismo, a saber: a institucionalização da igreja, a transformação do evangelho simples que Jesus ensinou em papo de “executivos” e “administradores”, o distanciamento dos problemas sociais, da cultura e da teologia, etc.
Minha constatação de que sou pastor não se deu por eu ter deixado de pensar essas coisas que acabei de citar, mas na descoberta de que ser pastor é muito mais que isso e está associado a coisas muito mais belas e dignas que isso. Descobri que ser pastor, entre outras coisas, é essencialmente servir às pessoas e ajuda-las a passarem por experiências transformadoras, sejam experiências místicas, experiências de comunhão, experiências comunitárias, experiências de resistência, experiências estéticas (Opa! Também isso? Ainda não sei)...
Servir às pessoas e ajuda-las nessas experiências é algo que hoje estou descobrindo e isso para mim é um tipo de conversão. Sou pastor há quatro anos e meio. Pouco tempo. Estou pastoreando efetivamente minha segunda igreja, mas só agora estou começando a descobrir isso (constatação nefasta). O que tem me feito chegar a tal conclusão? Bem imagino que sejam minhas experiências com Deus através da minha comunidade de fé e associadas à uma nova maneira de olhar para as coisas na qual estou me esforçando em exercitar. Em outras palavras posso dizer que Deus está me ensinando a ser pastor (em outros momentos jamais escreveria algo assim, quem me conhece sabe); minha igreja está me ensinando a ser pastor, me dando exemplo de simplicidade, abertura para novas experiências, fé, amor e companheirismo; e também posso dizer que Gianni Vattimo está me ensinando a ser pastor (agora exagerei?), seu “pensamento fraco” (pensiero debole) tem servido de chave-de-leitura para minhas relações com a igreja e o ser pastor.
Talvez pareça um tanto confuso esse texto, é que na minha cabeça essas coisas também não estão tão claras. Sei que os meu poucos leitores são pessoas compreensivas e compreenderão isso não como uma reflexão elaborada, mas como um deixar-cair o sinto agora, como um garçom que tropeça e espalha pelo chão aquilo que carregava na bandeja.

2 comentários:

Felipe Fanuel disse...

Cleber,

Gostei muito de ler este post.

Seria muito bom se todos os que passam pelo seminário pudessem ter momentos de esperança como este que você está tendo.

Suas palavras servem de ânimo para mim.

Um abraço.

Lilian Baleeiro disse...

É bom saber o que tens sentido no ministério!!!!

Fico muito feliz!!!