sexta-feira, 2 de novembro de 2007

SAUDADE

Talvez, como eu, você tenha saudade de muita gente, talvez do amigo que há muito tempo não aparece, do pai que partiu e nunca voltou, do irmão que morreu jovem, do filho que está viajando, do marido que está chateado e não quer conversar, da avó que morreu há muito tempo e vagamente o rosto é lembrado...
Há coisa mais dolorosa e ao mesmo tempo mais bela que a saudade? Dolorosa porque é um desejo frustrado de ver, tocar, ou simplesmente sentir por perto uma pessoa ou estar em algum lugar. É como cantou Chico Buarque, “[...] a saudade é o revés de um parto/ A saudade é arrumar o quarto/ Do filho que já morreu. [...] a saudade dói latejada/ É assim como uma fisgada/ No membro que já perdi”. É bela porque mostra um apego que a vida não consegue apagar. Já disse Rubem Alves que “saudade é a presença da ausência”. Ausência de quem se gosta e não se tem por perto, que foi levado pela morte ou pela vida.
Tirando a poeira de tristeza que há na saudade descobrimos que sofrer desse “mal” não é tão ruim. A falta que sentimos de alguém é a prova mais contundente de nossa humanidade, de que nossa vida não é um asteróide vagando no espaço, mas um vapor que se afasta das águas do mar com a certeza de um dia reencontrá-las.

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